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sábado, 8 de maio de 2010

Dia e Noite [Parte 3/Final] (08/05/2010)


O

s dias que sucederam à chegada dEle voltaram a ser o que eram antes. Eu continuei a ser Lúcifer, a ser o Príncipe Regente. Todas as atividades foram retomadas, e tudo havia voltado ao ritmo habitual.

Deus se ausentara novamente, logo após seu aviso, sua ameaça. Sua atenção estava focada em algo novo, em algum canto longínquo da eternidade. Local este que eu só vim a conhecer eras mais tarde.

Deus havia concluído sua nova criação, e nós, anjos, conseguíamos observar seu lampejo distante cintilar no horizonte da Cidade de Prata. Ele a nomeou de Universo. Todos nós um dia viríamos a conhecer explorar todos os limites da nova criação. Mas eu... eu faria diferente... eu iria fazer daquele Universo o meu próprio Universo. E nem Ele seria capaz de me impedir.


Imagine uma chama pequena e tímida, queimando lentamente no topo do pavio de uma vela. Seu fogo ainda azulado parece inerte. Com o passar do tempo esta pequena chama passa a conhecer melhor sua casa, seu lar, e começa a explorá-lo. Quanto mais a pequena chama azul se atreve a descer pelos caminhos tortuosos do pavio, mais ela o consome.

Aos poucos a pequena chama azul vai crescendo, aumentando sua intensidade. Sua luz agora não é mais cristalina, e sim um borrão amarelo que serpenteia, dança maliciosamente de acordo com o balançar de sua própria chama, com a morte lenta e dolorosa do que uma vez foi seu lar, o pavio.

Em determinado momento, o pavio, suplicando por piedade, no auge de sua perdição, adquire um reforço, uma proteção... a cera da vela. Mas para seu desespero, a cera de nada adianta. A pequena chama azul se transformou em um monstro vermelho, disforme, faminto por mais pavio, faminto por novos horizontes. Esta nova chama intensifica sua luz, faz dela mesma seu próprio sol, seu próprio dia.

Mas todo dia tem seu crepúsculo. O pavio chega ao fim, assim como a cera que o envolvia. A grandiosa chama vermelha, intensa e luminosa, começa a perder sua força, e à medida que se debate para se manter viva, sua luz vai diminuindo. A pequena luz não voltou a ser azul. Continua vermelha... vermelha de fúria, vermelha de ódio. O pavio acaba. A chama se apaga. Toda a luz que antes existia, agora é somente escuridão.

Esta chama um dia foi minha alma. E o sol que raiava dentro de mim já se pôs. Já é noite dentro de mim... e esta noite... não tem amanhecer.

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